A menina dos olhos do processo de autoconhecimento é a autoaceitação. Autoaceitação não é compactuar com minhas sombras e com meus erros. Pelo contrário. Autoaceitação é admitir meu lado luz e meu lado sombra para a partir daí iniciar minha jornada de transformação.
Somos criados para buscar a perfeição, para evitar as falhas, para não nos expormos e passarmos vergonha publicamente, para viver de forma a fazer tudo certo para ter resultados extraordinários. Acontece que a vida não é uma equação matemática ou um plano de voo. Não temos controle sobre tudo. Não temos controle sobre as pessoas e sobre os fatos.
Quando entendemos que a falta de controle pode fazer com que algo não saia exatamente como eu penso ou com perfeição extrema iniciamos o processo de autoaceitação. Eu entendo e aceito que as situações podem ter outro desfecho. Eu entendo e aceito que não posso buscar a perfeição a qualquer custo.
Buscar a perfeição é o grande vilão do processo de autoaceitação. Isso porque em nome da perfeição criamos um personagem e nos vestimos daquele figurino para caminhar por aí e passar aos outros a pseudo impressão de nossa vida perfeita de pessoa equilibrada. A internet está carregada de vidas perfeitas de personagens que estão longe de se aceitarem. Ao contrário, se escondem com milhares de seguidores postando a vida perfeita.
Autoaceitação é passar pelo vale da vulnerabilidade. Passar pelo processo de despir-se das vaidades para olhar verdadeiramente no espelho e ver sem medo o que reflete ali. Autoaceitação exige coragem, de se ver e ser o que se é. Exige solidão, porque paramos de nos comparar e entendemos que somente nós podemos viver a nossa vida verdadeiramente. Exige trabalho árduo para trabalhar em nós mesmos os pontos que desejamos melhorar. Autoaceitação não é aceitar nossos defeitos e conviver com eles para sempre. Mas é primeiramente entender e admitir que os temos. Que fazem parte do nosso lado humano e que podemos trabalhá-los a medida que nos propomos a estar em um lugar de transformação.
Auto aceitação é dar luz a quem somos, com todas as incertezas humanas e ainda assim amar a nossa imperfeição.