Eu vivi a síndrome de bornout. Foi um processo lento e gradual que eu não percebi e não dei a devida atenção. Minha preocupação era entregar as demandas, trabalhar, trabalhar e trabalhar.
O bornout é uma doença que na verdade sempre existiu mas que só foi reconhecida esse ano pela OMS. Caracteriza-se pelo completo esgotamento mental e físico em decorrência do estresse associado ao trabalho.
O estresse é um inimigo silencioso que nos rouba. Primeiro rouba nosso tempo, depois nossa energia, rouba nossa alegria e por fim pode nos adoecer. Há diversos fatores que podem levar alguém ao bornout. Os fatores estressores externos: carga de trabalho, jornadas muito longas, reuniões sem fim, assédio moral, entre outras. E há os fatores internos, que é a forma como lidamos com tudo isso.
Geralmente há em nós uma autocobrança excessiva, necessidade de estarmos sempre conectados a tudo e todos, nunca falhar, não desligar, o medo da vulnerabilidade e do fracasso. Estamos tão focados no que nos falta, nas habilidades que ainda não temos que acabamos por não vivenciar nossas potencialidades em sua totalidade. Há sempre um buraco, há sempre o que faltou entregar, há sempre algo que poderia ter sido melhor. Com isso, celebramos pouco nossas conquistas. E vamos, pouco a pouco adoecendo.
Cada pessoa vivencia a experiência do bornout de uma forma. A maneira que eu encontrei para sair do bornout foi fazendo o caminho de volta para a minha vida. Me conectando com tudo o que era importante para mim e que estava negligenciado: minha vida social, minha família, meus hobbies, comecei a nadar, a meditar e fui aos poucos melhorando.
É possível vencer o burnout mas também é possível, e esse é um dos grandes pilares do meu trabalho hoje, prevenir. Com doses simples e eficazes de celebração das nossas conquistas, de pequenos prazeres ao longo do dia, prática de pausas restaurativas e principalmente: impor limites. Dizer não, determinar para si mesmo um horário para encerrar a jornada e praticar alguma atividade que ajude a desligar do trabalho. Todos os dias.
Não sofra em silêncio. Se você sente que o peso do estresse está excessivo busque ajuda, converse com alguém, esteja com pessoas queridas. Estresse não é frescura. Não é fraqueza. É um inimigo que merece a mesma atenção e empenho que dedicamos ao trabalho. Somente assim poderemos cuidar melhor de nós mesmos e estarmos mais equilibrados para os desafios.
Cuide-se!